Eu e Gabil

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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A DEFICIÊNCIA VEM SEMPRE ACOMPANHADA DE UMA MÃE!

A primeira fase da deficiência- Primeira Infância

Receber a noticia da deficiência de um filho é assustador.
Primeiro porque não temos informação nenhuma com aquilo que teremos que lidar, temos que nos qualificar com o tempo,a vivência e experiências, pois ninguém irá nos orientar além da própria deficiência.
A busca do tratamento adequado sem o conhecimento nos traz insegurança e a incerteza de que se estamos mesmo indo pelo caminho certo.
Nessa primeira fase além da noticia da deficiência temos também que administrar nossos monstros internos, o medo, a insegurança, a tristeza.
Não ter informações adequadas em relação a nossos filhos muitas vezes a angústia, ansiedade se transformam em neuroses como a síndrome do pânico e depressão entre outras.
Suportar as comorbidades que acompanham cada deficiência como no caso da paralisia cerebral que são as convulsões, problemas respiratórios constantes, problemas ortopédicos como deformidades, nos desgasta e apavora.
Ficamos noites sem dormir, muitas vezes dentro de um hospital.
Nossas crianças passam por cirurgias complexas onde temos que avaliar o que não conhecemos e não somos informadas para decidir qual melhor atitude tomar considerando o onus e bonus de uma cirurgia.
Ter o apoio de familiares e alguns profissionais,  não nos ampara para caminharmos por uma vida toda num mundo exclusivo.
É muito difícil num primeiro momento não termos respostas para todas as informações que procuramos.
Não temos o suporte e nem as informações  necessárias para que a nossa intranquilidade seja acalentada.
Fora tudo isso e com tudo isso ,sofremos uma brusca transformação em nossa rotina, médicos, terapias,cirurgias.

A segunda fase da deficiência é a infância

O crescimento é inerente a qualquer ser humano porém a discriminação, falta de acessibilidade e a exclusão, faz com que crianças mesmo com o cognitivo para serem alfabetizadas fiquem excluídas e lhes é negado o direito de aprender.
Considerando que a educação não é só alfabetizar mas sim encontrar caminhos alternativos para diferentes dificuldades, ainda estamos longe de uma verdadeira inclusão.
Deveria existir formação em todas as deficiências para os educadores porque assim como nós mães tivemos que aprender no grito como tratar nossos filhos, os professores também estão assustados com essa inclusão perversa.
Para nós mães é difícil deixar nossos filhos com pessoas que não estão preparadas para recebe-los.
Sofremos quando vemos nossos filhos sendo vitimas de bulling, afinal se as crianças tivessem informações sobre o porque o amiguinho usa cadeiras de rodas ou anda de muletas o olhar seria outro.

Terceira fase da deficiência- Adolescência.

Caminhando para a adolescência  querem a independência que seu corpo não permite, e lá vamos nós de novo acalentar esse filho com características tão diferentes e que sofrem muitas vezes por não aceitar a própria imagem.
Eles querem uma vida normal sim, porque tem os mesmos anseios que todos nós, mas devido a uma sociedade onde são excluídos sofrem em poder participar de tão pouco.
Incrivelmente na adolescência sempre acontece algo, como se fosse um marco na vida deles, a os hormônios mexem de alguma forma com a saúde e a vida  deles também.
Eles crescem, desafiando todas as expectativas que esse crescimento impõe e nós envelhecemos.

Quarta fase da deficiência- A juventude.

Pouco é oferecido ao jovem com deficiência.
Muitos conseguem se formar a duras penas, pois locais  não são adaptados entre outras muitas dificuldades e na maioria das vezes precisam de um acompanhante, que quase sempre é a mãe.
Socialmente, poucos lugares que possam frequentar, ficando restrito, só ao mundo de pessoas com deficiência.
Não existem locais com acessibilidade ou adequados que os receba para que se divirtam, namorem , como qualquer ser humano o faz quando jovem.

Quinta fase da deficiência -Adulta

Alguns se profissionalizam, casam , tem filhos e criam uma independência.
Outros criam só uma certa independência, mas precisam que alguém os acompanhem em suas atividades diárias.
A vida de um deficiente adulto que depende fisicamente de alguém, fica muito limitada.
Não existem lugares para frequentarem, ficam isolados se a família não proporciona alguma coisa.
Os pais  não tem mais a mesma disposição de antes.
Daí vem o que?
Vem a culpa de não ter mais a mesma disposição de antes, a cabeça quer fazer mas o corpo não acompanha.
Essa situação independe de condição social, financeira, é uma coisa de mãe.
Quantas e quantas vezes tenho deixado de sair e fazer algo por mim para ficar com Gabriel , já que sair hoje com ele é uma dificuldade pela falta de acessibilidade !
Acabo sendo refém de um mundo completamente exclusivo por duas razões, a de ser solidaria a meu filho e também me sentindo culpada por não ter mais as condições de antigamente para leva-lo junto.
Como sempre falo as dificuldades que enfrentamos são mais sociais porque  se o poder público realmente tivesse algum interesse na deficiência trabalhariam mais em cima de acessibilidade e inclusão.
A caminhada de nossos filhos não é solitária porque eles tem a nós, só será se formos antes deles.
A nossa caminhada é extremamente solitária, mesmo tendo ajuda, agradecemos a ajuda mas precisamos é de direitos!!!
Sim precisamos ter o direito de uma aposentadoria decente, de um trabalho com horários flexíveis para podermos ter os nossos próprios recursos.
Precisamos criar projetos que beneficiem as mães cuidadoras, que nos traga uma vida mais digna, onde possamos proporcionar mais para nossos filhos e ter uma vida mais perto do que chamam de normal.
A deficiência sempre vem acompanhada de uma mãe.





6 comentários:

  1. Poderia bater palmas pelas suas palavras más,ficou triste,por me ver sendo descrita no texto acima!Um filho deficiente,uma mãe deficiente!
    Queria eu que o mundo fossem diferentes.

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  2. Perfeito, me vi descrita em cada palavra sua, Parabéns!

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  3. Perfeito, me vi descrita em cada palavra sua, Parabéns!

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  4. Sulamita sou mãe de mielo, mas você........... VOCÊ É INCRÍVEL!!

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  5. Concordo com o texto,mas os direitos já existe só é ignorado pelo poder público,as estruturas físicas de estabelecimentos são ignoradas pois muitos na verdade não querem o deficiente lá, fiz um passeio com o meu filho a pouco tempo para conhecer uma cidade histórica e fiquei desapontada pois não fizeram e nem tem interesse de fazer adaptações, o que nos cansa é ir a justiça cobrar por leis que já existe e quando ficam adultos sentimos mas este descaso,como você diz sempre é acompanhado por uma mãe, usamos a redes sociais para tanta coisa que tal uma campanha de turismo acessível já, para que possamos ter p direito de sairmos,e vivermos com nossos filhos,!

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  6. vou dizer qual e o problema dos nossos deficientes, sao as pessoas normais.Da muito trabalho tentar entender o que falam, da muito trabalho ajudar a fazer alguma tarefa , da muito trabalho indicar ou ajudar ir a determinados lugares. As pessoas NAO QUEREM ESSE TIPO DE TRABALHO. 1 minuto da atençao e muito para quem nao tem nem noçao do que se passa com as familias de pessoas rotuladas de NAO NORMAIS . Claro, existem outros que dariam seus minutos com maior prazer. Se sentem gratos por poderem ajudar mesmo que seja por um segundo.Mas GARIMPAR essas pessoas e dificil.Elas sim podem nos auxiliar em fazer o mundo um pouco melhor, por que em algum momento contam aos outros que ajudaram alguem e de que forma ajudaram. O que precisamos nao sao leis decretos , precisamos de pessoas que possam sentir na pele o que e ser um deficiente na vida e estes sim, fazerem as leis de acordo com suas experiencias. So assim as leis deixam os papeis e se tornam aplicaveis.Voce pode mancar dizendo que quebrou o pe, mas e diferente de ter quebrado de verdade, por que junto com o pacote vem o desconforto a dor as incertezas e o aprendizado. Como uma lei pode ter vigro de verdade se voce nao sabe nem direito o que significa ? Precisamos concientizar as maes de que ser diferente e um ponto de vista.Vejo pelo nicholas.Na escola todos diziam gostar dele, e ate acredito que gostavam, mas SEMPRE estava sozinho. NUNCA niguem o chamava para fazer trabalho escolar, sempre ficava isolado ate eu reclamar. Entao, as pessoas os estudantes , adolesecentes se uniam por OBRIGAÇAO, o que e bem pior do que estar isolado.Nao e essa postura que queremos, o que precisamos e SER ACEITOS e isso so vai acontecer quando os ditos NORMAIS enxergarem que a deficiencia e no corpo, mas que tem sentomentos e inteligente e pode sim participar da maioria das atividades. A mesma coisa aconteceu na faculdade, Todos em grupos de 2 e so o nicholas sozinho. Entao eu pergunto ,como reverter essa situaçao ? Concientizando desde pequenos que deficiencia nao e contagiosa, nao fere ninguem . Pronto , falei .

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