Eu e Gabil

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quarta-feira, 10 de junho de 2020

A PRIMEIRA INFÂNCIA DA DEFICIÊNCIA- A HORA DA NOTICIA !

                                   MANUAL DA MÃE ATÍPICA
No Manual da mãe atípica falaremos de uma maneira organizada pelas fases emocionais  da mãe através da deficiência do filho, pelo decorrer da infância até a idade adulta!
Não interessa a deficiência que seu filho tem, passaremos todas pelas mesmas fases.
A deficiência de um filho não vem para nos punir, mas para mudar nossos conceitos, paradigmas onde podemos ser as protagonistas de uma sociedade mais justa para todos !
Na verdade a nossa briga maior não é com a deficiência nem com nossos sentimentos em relação a ela, que acabamos por superar,
Nosso maior desafio é  com uma sociedade limítrofe, que não sabe conviver com as diferenças e querem nos colocar dentro da mesma caixinha da normalidade adaptada.
Não funciona!
Para que realmente exista inclusão não temos que nos adaptar em molde nenhum, temos que ter os nossos próprios com novos conceitos na educação, saúde e vida social.
Olhar para os desafios como oportunidade de mudança é muito mais produtivo e animador do que ficar estagnada olhando para a deficiência.
Tudo depende do nosso olhar e da nossa postura.
Clichê: " O mundo muda ao nosso redor , quando mudamos" !
Dica: Só mudamos quando aceitamos e entendemos uma situação!



                                 A MÃE E A DEFICIÊNCIA
                                       1-  VITIMISMO

Nesse post falo sobre o primeiro sentimento da fase da aceitação, quando recebemos a noticia da deficiência de um filho, o vitimismo É importante ter contato com os sentimentos, para supera-los e não se deixar vencer por eles.
A primeira fase da deficiência talvez seja a mais difícil porque temos que nos reinventar e nos acostumarmos com um mundo diferente daquele que conhecemos.
Mas as diferenças são enriquecedoras e os desafios vencidos nos fortalecem
Assim que recebemos a noticia da deficiência de um filho, temos que lidar com duas situações importantes de cara:
1- a trajetória emocional e psicológica da mãe.
2- a trajetória do filho, o conhecimento da deficiência.
As duas situações precisam de cuidado e acolhimento.
Nesse primeiro momento nos esquecemos de nós!
A mudança brusca de rotina,  nos impede de ir atras de nossos sonhos, temos que abrir mãos do nosso trabalho e profissão para acolhermos nossos filhos.
Pois é, e  quem cuida de nós ?
Começamos a nossa caminhada num mundo desconhecido, preocupadas,desamparadas, despreparadas, com medo e solitárias na nossa dor.
A partir da hora da noticia, começamos o nosso processo de aceitação, onde passamos por vários sentimentos.
Um dos sentimentos que nos "pega" de cara  é o vitimismo.
Porque eu? Porque comigo ? E agora o que vai ser da minha vida.
Uma dor e uma tristeza enorme toma conta de nós.
São questionamentos e sentimentos naturais, diante do novo e da suposta rasteira que a vida nos passou.
Mas o porque dessa dor e dessa tristeza ?
Tantas  respostas para uma pergunta !!!
Por que minha rotina virou de pernas para o ar 
Por que o sonho do filho idealizado caiu, desmoronou,o meu bebe não vai ter o futuro brilhante que sonhei pra ele.
Por que entramos nessa história completamente despreparadas, desamparadas, sem nenhuma informação e conhecimento.
Por que entramos num mundo onde ainda não existe espaço para o que é diferente da normalidade!
Por que somos obrigadas nesse primeiro momento a adiar nossos planos pessoais.
Por que a deficiência tem um estigma muito pesado através da historia e achamos que ser deficiente é ser menos!
Por que esse filho veio desafiar nossa capacidade de amar !
Por que temos que aprender a dosar  e a cuidar para não criarmos uma relação simbiótica patológica, onde viramos deficientes também,  nos tornamos reféns da deficiência, quando nos anulamos como pessoas. 
Como  superar essa dor, essa tristeza e essa rotina pesada?
No decorrer de nossa vivência, passando pelos sentimentos da fase de aceitação, acabamos tendo as respostas de todas essas perguntas.
A rotina vira um caos, porque temos que encarar um mundo completamente novo e desconhecido com terapias, médicos informações sobre deficiência, por qual tratamento optar , cirurgias quando necessárias.
Somos engolidas por uma rotina  insana, onde dormimos pouco e até para tomar um banho muitas vezes temos que levar nossos filhos junto !
É saudável separar uma horinha por dia para fazer o que te da prazer, nem que seja dentro de casa mesmo, já que muitas vezes não é possível sair.
Dar um tempo pra cabeça, porque isso fará com que possamos readequar nossa rotina da melhor forma possível para todos e para nós também.
Nós temos que ter vida além da deficiência e isso é bom buscar desde cedo, porque é auto respeito
A imensa dor e tristeza vai de encontro com as nossas projeções e expectativas, que criamos para um filho, desde que recebemos a noticia da  gravidez.
O chão  se abre e perdemos nossas referências.
Toda mãe  faz projetos para o filho, de uma vida de sucesso, sempre dentro do padrão de normalidade é claro, ele irá estudar, se formar, namorar, casar e ter filhos, esse é o curso normal da vida .
Quando um filho nasce com alguma deficiência e já quebra de cara essas expectativas !
Mas quem disse que o filho normal irá seguir todas essas regras ! 
 O filho normal não afasta nossos sonhos  na hora que nasce   ,ele vai afastando no decorrer da vida, sentimos também a dor da decepção   por não ser do jeito que planejamos para eles, mas de uma maneira mais tranquila,
Nossa expectativa como mãe nunca será correspondida 100% com nenhum filho, sabe porque ?
Por que eles não nasceram para corresponderem as nossas expectativas 
Nasceram para percorrerem o seu caminho e não o que determinamos para eles.
O nosso papel é amar, amparar, direcionar  e sermos solidarias, vibrar com as conquistas e acalentar nas tristezas que esse caminho irá apresentar.
Deixar o filho viver sua vida e suas limitações é permitir que ele cresça, que se desenvolva e que vá adquirindo a autonomia com os recursos que conseguimos dar para que isso aconteça
Nós mãe também vamos crescer dentro da história de nossos .filhos, começamos a nos preparar,nos informar e  a ter mais confiança, porque o conhecimento acaba com aquele medo inicial do desconhecido.
Percebemos que realmente o mundo é um lugar hostil para quem é diferente da maioria e isso é o que mais dificulta para que tenhamos uma vida normal, a  falta de estrutura social.
Se precisar mudar  planos pessoais, mude, eles não precisam ser eternos.
Num primeiro momento se for mais tranquilo´abrir mãos de seus projetos pessoais  para ser apenas mãe e organizar a rotina de seu filho,  faça isso sem dor , muitas mães de filhos ditos normais também o fazem.
A maternidade de filhos normais ou diferentes exige de nós algum sacrifício pessoal , faz parte.
Não vou diminuir e nem menosprezar a deficiência que difere sim da maternidade tipica, nossa luta e o tempo que damos aos filhos diferentes é maior, mas conseguimos sim organizar a rotina 
Ser diferente não é ser menos, existem outras capacidades, outras eficiências.
A história da deficiência através dos tempos criou um esteriótipo que ser deficiente é ser menos!
Então o que me dizem sobre o Aleijadinho, Frida Kalo, Stephen Hawking ?
Ninguém pode prever as habilidades de uma pessoa.
Pessoas se desenvolvem e podem ser surpreendentes !
O desafio da maternidade ou paternidade atípica, não é para muitos, alguns desistem no começo ou na metade do caminho !
Ter um filho diferente, mexe com a vaidade e com o ego, por não ser o filho que idealizamos e muitos não conseguem superar pois estão presos em seus egos e conceitos arcaicos , onde se discriminam e discriminam a deficiência do filho.  a discriminação começa dentro de casa !
Amar de verdade é passar por cima de todos os conceitos sociais que rotulam uma pessoa, infelizmente alguns ficam presos nesses conceitos, sofrendo com a não aceitação.
O desafio que esse filho nos traz é exatamente o de quebrar as barreiras do preconceito,conceitos e paradigmas e nos mostrar que para amar não existe nenhum padrão. Ninguém precisa estar no padrão ou na projeção de alguém para ser amado! Entender isso, é uma libertação.
Por fim, entender que você é uma pessoa e seu filho é outra e que vocês dois precisam de um espaço para individualidade e privacidade, apesar de muitas vezes o filho ser totalmente dependente, é saudável e o caminho certo a seguir.
A simbiose num filho que não anda, não fala, não come sozinho, ela tem que existir porque é uma questão de sobrevivência dele, mas a simbiose emocional não.
De espaço para seu filho para que você tenha o seu também!
Isso não é descuido é possibilidade de crescimento
De a ele a oportunidade de conviver com outras pessoas, que faça vínculos.
Socializar desde pequeno é importante.
A deficiência sempre vai existir, ela faz parte da história do mundo!
Um mundo que nunca se preparou para recebe-la e aceita-la integralmente.
A insegurança, o medo, que temos em relação ao futuro de uma criança que não é bem vinda a sociedade, é real.
 Nesse primeiro momento esta tudo misturado, as nossas limitações e as limitações que a sociedade nos impõe  
Na fase do vitimismo já precisamos aprender a separar o que é nosso, revendo a vitima que existe dentro de nós , que foi ferida em seu ego e em sua vaidade, por não caber nessa "caixinha" de normalidade e transformar esses sentimentos entendendo que aceitar as diferenças é crescimento e entender também que vivemos num mundo paralelo da sociedade normativa, tendo que desbravar espaços para que as diferenças possam crescer e eu diria até sobreviver!
O tempo que cada pessoa fica ou sai desse primeiro processo é muito individual.
Depende de como cada uma elabora seus sentimentos.
Tem mães com filhos adultos que ficam na fase da noticia, do vitimismo, outras avançam para outra fase e também podem ficar estagnadas, porém quando passamos por todas, elaboramos os sentimentos, aprendemos e crescemos.
Não hesite em pedir ajuda caso a tristeza permaneça mais do que o necessário, porque a deficiência de um filho não vem para trazer infelicidade, mas para trazer sabedoria.
Tenha  em mente que se tiver que adiar seus planos pessoais não é desistir deles, é simplesmente se dar um tempo para reorganizar sua vida para poder recomeçar.
No próximo post conversaremos sobre A Super Mãe !












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